Os jovens movem-se pelos projectos que abraçam e não pelas empresas que representam, diz Pedro Roberto, manager da Ray Human Capital, ao Jornal Económico. Para os cativar, empresas e organizações são impulsionadas a “linkar” os seus negócios a uma causa.
A Ray Human Capital, empresa do Grupo Odgers Berndtson, está pre- sente em Portugal há mais de 25 anos, operando com as principais empresas nacionais no âmbito do employer branding e da aquisição e gestão de talento. O manager Pedro Roberto diz que as consultoras são mais atrativas para os jovens talentos quando lhes oferecem novas aprendizagens e um propósito maior por que lutar.
A consultoria é um setor atrativo para o talento jovem?
Sou naturalmente interessado em dizer que sim. Mas acima de tudo porque acredito que a proposta em- pregadora é distinta na sua curva de aprendizagem (mais acelerada) e numa maior abrangência setorial. Acelerar o processo de maturação das novas gerações e colocá-las em contacto com realidades e negócios distintos, traz-lhes uma vantagem acrescida num contexto tão incerto como o de agora.
O que procuram as novas gerações nestas empresas?
Acima de tudo um propósito maior. O que desafia estas organizações a ‘linkar’ os seus negócios a uma causa. O drive de aprendizagem e de exposição ao cliente são também padrões de motivação muito evidenciados.
Um maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal é mesmo a principal motivação dos jovens?
Não diria a principal, mas está no topo da agenda. Com o impacto causado pela pandemia, 64% das empresas nacionais focou-se na reinvenção da flexibilidade do trabalho, o que de certa maneira tem contribuído para que a proposta empregadora seja mais condizente com o que os jovens procuram.
Além disso, que outras diferenças comportamentais revelam face às gerações anteriores?
Movem-se pelos projectos que abraçam e não pelas empresas que representam. O que significa que estão mais focados em desenvolver um trabalho que crie valor e impac- to junto aos seus stakeholders do que em saber se estão na organização Y ou Z. São também mais orientados a uma gestão objetiva e tangível da sua performance e a uma interação entre equipas que tem um contexto profissional, mas também social e lúdico.
Acelerar o processo de maturação das novas gerações e colocá-las em contacto com realidades e negócios distintos, traz-lhes uma vantagem acrescida num contexto tão incerto como o de agora
Que trunfos usam as empresas para conquistar os jovens mais promissores?
Comunicar a marca, mas acima de tudo o seu propósito é fundamental. Para isso, as empresas apostam em estar perto das universidades e academias de forma muito proactiva e contar a sua história. Os projectos com ligação internacional, a visibilidade sobre plano de carreira a cur- to-prazo e a interação com múltiplas equipas são outros trunfos.
Que competências valorizam?
A dimensão humana tem ganho especial relevo, atendendo à agenda social que as organizações apresentam. Mas num contexto cada vez mais desmaterializado, as ‘skills core’ são tecnológicas. Não tanto as ferramentas inforáticas de base, onde o nível de
proficiência é mandatório, mas acima de tudo a habilidade para gerir e trabalhar em novas ferramentas e sistemas.
A pandemia da Covid-19 veio acelerar a experiência do teletrabalho. Esta realidade joga a favor dos recém-licenciados?
Sem dúvida. Como referi há pouco, quase dois terços das empresas em Portugal aceleraram processos de flexibilização do seu trabalho. Isto vai “colar” naturalmente com uma das grandes mensagens destas no- vas gerações: Trabalhar numa lógica anytime/anywhere.
Nas consultoras, o que pesa mais nas intenções de contratação, a experiência ou a juventude?
Julgo que a resposta certa é o potencial. O foco está cada vez mais em atrair talento diferenciador independentemente da idade e da experiência. É isso que cria verdadeiramente valor junto do cliente e que torna estas empresas melhores, reinventando-se todos os dias.
Pedro Roberto, Manager
RAY Human Capital